A poeira brilhante circula lentamente o meu
quarto, o meu rosto. Por ela qualquer coisa de mim se transfigura em pó. Em mim
qualquer coisa dela se conecta e explode em luz. Foi também nessa poeira, nessa
madeira, nesses fios de cabelo e nessas pétalas de rosa. Foi também pela tinta,
pela letra, pelas capas e pelas cores. Em cada objeto que me rodeia eu existo,
eu transformo. Cada objeto que me rodeia me existe, me transforma. Como então
falar de desenvolvimento, de mudanças, a partir de algo? Mudanças não se dão a
partir, mas sim através, em contato, atravessadas, explodindo, agenciando,
multiplicando, vazando, desdobrando, transbordando.
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