sábado, 3 de novembro de 2012

Gostaria de ter agora um som que despencasse. Precisava nesse instante de uma música mastigável. Que eu pudesse introduzi-la no meu corpo sem dificuldade. Que ela passasse por todos os meus órgãos e me completasse. Que ela fosse tão enorme que, para caber no meu corpo, precisasse expulsar todo tipo de aperto, todo tipo de encosto. Que ela fosse tão brilhante que obrigasse a manter os olhos fechados a todo aquele que quisesse ouvi-la. Que ela fosse, ao mesmo tempo, tão suave, que passasse quase despercebida. Mas que ela causasse ao seu redor e no seu interior uma mudança irreversível. Uma mudança de proporções incalculáveis. Os pássaros então acompanhariam sua melodia. As árvores se inclinariam para ouvir melhor e o céu espantaria as nuvens carregadas de qualquer tipo de dor. O Sol abrandaria sua força e a Lua, na hora certa, chegaria um pouquinho mais perto da Terra. Era preciso um som... Era preciso isso.

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