Falo
dessa falta intrínseca, desse nada no peito, dessa impossibilidade de se sentir
parte. Refiro-me simplesmente ao branco na parede e ao azul no céu. Ao
labirinto dos cômodos da casa, à imensidão de uma rua, a um infinito em mim, a
um outro fora. Não quero falar de mais nada. Não quero, agora, trazer a tona
algo que não diga respeito a esta falta de ar, a esta ausência de contorno, a
este deserto ao estar junto, a esta insuficiência no olhar. Não quero falar de
mais nada que não traga consigo o limite de cada coisa, a impossibilidade de
uma completa fusão, as tentativas frustradas de se ultrapassar. Porque hoje eu,
para sempre, serei eu. E isso é o máximo da solidão.
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