quarta-feira, 7 de março de 2012

Do corpo

Lisa parede que me constitui. Que de seus furos brote e se desenvolva tudo aquilo que em mim não fiz dar frutos. Que na sua textura e na sua cor possa se revelar a ambigüidade do que parece certo e incontestável. Que no seu movimento incessantemente se apresente o reverso do que foi mastigado e esquecido. Que se materialize de novo e de novo no abrir e fechar de seus elementos tudo aquilo que correu o risco de ser apagado ou mantido. Que de seus pelos e poros se constitua a ausência presente de cada gota salgada e marcada nos seus contornos e curvas. E que possa ser visto de todos os lados a matéria para sempre banhada em luz.

4 comentários:

  1. Daniele
    O que transborda em você, além do que é só seu — inexprimível — é competência para transformar isso que vaza em palavra sentida , em texto bem feito, em LI-TE-RA-TU-RA! Que é um pouco isso: “poeira e arranhão daquilo que se desejava desenhar”.
    Sou sua fã
    Tânia Regina Casado

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  2. Quando não sei o que dizer, escrevo e quando não sei o que escrever, transbordo. Acho que funciona mais ou menos assim.
    Tânia, de verdade, muito obrigada.
    A sua opinião e as suas palavras contam mais do que você possa imaginar.
    Fico realmente muito feliz.
    Até logo.

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  3. Você é simplesmente melhor do que os autores que mais amo...Drummond e Clarice...publique....bjos Lilian Martin.....Quero usar nos meus cursos...posso?

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    1. Uaau, aí já é demais. Clarice foi e continua sendo minha inspiração.
      Fiquei extremamente lisonjeada. Muito obrigada.
      Quem é você? Não me lembro do seu nome.
      Se lhe agrada, pode com certeza. Ficaria extremamente feliz e lisonjeada, mais uma vez.
      Obrigada Lilian.

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