Eu
fui feliz. Durante todo o seu desenvolvimento. Eu fui feliz nas suas deixas e
contornos. Deixei sorrir o que em mim estava pronto. Eu permiti que os meus
dedos se agitassem levemente nos seus traços. Eu dei vazão a tudo aquilo que se
fez brilhante. Eu fui feliz. A cada nova frase algo em mim se agitava. A cada
pensamento eu transbordava do meu corpo. Cada atravessamento transgredia o seu
percurso e cada obstáculo me dizia algo novo. No seu papel me vi reproduzida.
Reproduzi-me de novo e de novo. Eu vi que a escrita liberta do vazio e para o
vazio ela se volta sem pudor. Eu fui feliz. Eu sonhei alto e fui feliz
devagarinho.
terça-feira, 27 de novembro de 2012
quinta-feira, 8 de novembro de 2012
Da felicidade
Olhei certo dia nos olhos de uma criança e disse como ela era especial.
Ela em troca me devolveu um sorriso que, de não caber em seu rosto, escapuliu
um pouco para o meu.
quarta-feira, 7 de novembro de 2012
sábado, 3 de novembro de 2012
Gostaria de ter agora um som que despencasse. Precisava nesse instante
de uma música mastigável. Que eu pudesse introduzi-la no meu corpo sem
dificuldade. Que ela passasse por todos os meus órgãos e me completasse. Que
ela fosse tão enorme que, para caber no meu corpo, precisasse expulsar todo tipo
de aperto, todo tipo de encosto. Que ela fosse tão brilhante que obrigasse a
manter os olhos fechados a todo aquele que quisesse ouvi-la. Que ela fosse, ao
mesmo tempo, tão suave, que passasse quase despercebida. Mas que ela causasse
ao seu redor e no seu interior uma mudança irreversível. Uma mudança de
proporções incalculáveis. Os pássaros então acompanhariam sua melodia. As
árvores se inclinariam para ouvir melhor e o céu espantaria as nuvens
carregadas de qualquer tipo de dor. O Sol abrandaria sua força e a Lua, na hora
certa, chegaria um pouquinho mais perto da Terra. Era preciso um som... Era
preciso isso.
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