terça-feira, 11 de junho de 2013

Mas, por favor, não me diga que não sabe. Esfregue nas paredes toda a sua raiva, destrua as prateleiras e não se acanhe, corte todas as amarras, mas não me diga que não sabe. Por favor, não me diga que não sabe. Não me diga que não viu ou não sentiu nenhuma pontada. Que não ouviu todas as vozes, os gritos, os sussurros. Arrebente sem pudor tudo aquilo que possa me cortar, não tenha medo. Olhe nos meus olhos e grite todas aquelas palavras sem vazão, sem sentido e sem contornos. Destrua. Reconstrua toda a lógica lapidada pelas nossas mãos lentamente. Ou então me abrace forte e despeje sobre mim somente os dias bons e os pensamentos fortes, mas, por favor, não me diga que não sabe. Não me deixe perceber a sua indiferença em relação às minhas gotas de suor, à minha voz relutante e às minhas mãos já sem coragem. Não me deixe sem resposta a qualquer indagação sem coerência, a qualquer comentário tolo e inacabado. Permita-me sentir a textura das palavras proferidas sem intenção e sem desejo ou então me afunde,  eu objeto desprezível e repulsivo. Mas, por favor, não me diga que não sabe.