Escuro da noite. Pulsante silêncio. Palavras
derretidas me inundam, não escorrem, endurecem no meu corpo. Aprisiono-me no
opaco e no invisível. Já não pressinto o que de longe me assoma. E é impossível
que alguém ainda exista, que persista nesse branco que me assombra. E é
impossível que o mundo ainda gire, agora que na casa as paredes não se
encontram. Eu não sei mais dizer do que preciso, depois que em cada rua os meus
passos se perderam. Depois que voltou tudo, lentamente, sem contorno. Depois
que qualquer coisa se tornou prova incontestável... Ainda sim, contestei sem
piedade. Precisava era me ver localizada. Localizar-me em algum canto em coerência.
Mas tudo em mim explode em cores vivas. E eu já não sei o que fazer com o movimento.