segunda-feira, 4 de novembro de 2013

Ficaram para sempre dias claros e sorrisos inocentes!
...
...
É que de repente a morte veio e me lembrou de tudo isso.

domingo, 27 de outubro de 2013

Palmas. Sim, parecem milhares de palmas coloridas a cantar em uma noite assim, em que não se esperava nada além, nada a mais. E que, para ser sincera, não teve nada além e não teve nada a mais, mas as palmas coloridas... sim, eu via as palmas se agitando coloridas por todo o lugar.

sexta-feira, 18 de outubro de 2013

 No ponto cego de uma vida, de repente fez-se um corte. No ponto alto de um encontro, sem se ver perdeu-se o rumo. E para sempre, sem motivos, ouviu-se um grito absurdo. O grito era um aviso: Não se guie por um traço sem fissuras! 

segunda-feira, 29 de julho de 2013

Às vezes é melhor cortar o que faz mal. Deixar brotar em outro lugar. Deixar que os olhos não enxerguem o que por eles se desfaz. Às vezes é melhor cortar o que faz mal e desdenhar da dor que na pele fez seu ninho, que nos pelos se instaurou. É melhor deixar que um ponto se espalhe e se afugente em uma eterna dança sem sabor. Em um eterno sem saber fazer. Às vezes é melhor cortar o mal pela raiz e a impregnar de todos os dedos, de todas as aspas e vírgulas que um dia te rasgou. É que às vezes é melhor ignorar o peito aberto e já queimado e deixar que o que faz mal se espalhe a ponto de perdermos seu alcance, de perdermos seu valor

terça-feira, 11 de junho de 2013

Mas, por favor, não me diga que não sabe. Esfregue nas paredes toda a sua raiva, destrua as prateleiras e não se acanhe, corte todas as amarras, mas não me diga que não sabe. Por favor, não me diga que não sabe. Não me diga que não viu ou não sentiu nenhuma pontada. Que não ouviu todas as vozes, os gritos, os sussurros. Arrebente sem pudor tudo aquilo que possa me cortar, não tenha medo. Olhe nos meus olhos e grite todas aquelas palavras sem vazão, sem sentido e sem contornos. Destrua. Reconstrua toda a lógica lapidada pelas nossas mãos lentamente. Ou então me abrace forte e despeje sobre mim somente os dias bons e os pensamentos fortes, mas, por favor, não me diga que não sabe. Não me deixe perceber a sua indiferença em relação às minhas gotas de suor, à minha voz relutante e às minhas mãos já sem coragem. Não me deixe sem resposta a qualquer indagação sem coerência, a qualquer comentário tolo e inacabado. Permita-me sentir a textura das palavras proferidas sem intenção e sem desejo ou então me afunde,  eu objeto desprezível e repulsivo. Mas, por favor, não me diga que não sabe.

domingo, 12 de maio de 2013

E eu que não me reconheci depois daquela noite, depois daquele brilho, daquela suavidade. E eu que fui andando a esmo sem notar as cores, sem tocar as notas, sem me enxergar. E eu, um pássaro calado sem saber voar. Um vento irrequieto e louco a procurar o mar. Eu me soltei sem rumo no meio da rua, quis tocar as plantas, quis saber das letras. Eu quis, recatada e triste, sentir um além daquilo que eu sabia. E em mim explodia uma harmonia que se fazia o avesso de sua própria ordem. Uma harmonia que eu não notava e o meu corpo todo era atravessado, era transgredido, era revirado. E no meu corpo inteiro os pássaros cantavam, as cores inundavam e tudo transbordava.

terça-feira, 16 de abril de 2013

É só no corpo que eu existo. E nas paredes eu me mostro. Sinto uma dor em estar viva. Dor que se abre nas palavras. Hoje sou frases curtas, entrecortadas. E eu deveria. E gostaria. Sufoquei-me com o que via e os meus braços paralisados... Eu não soube como existir. Não soube o que me dizer para justificar a morte em mim. Para justificar o meu desamparo, o desamparo que eu mesma pedi. Eu não soube como dizer para me fazer entender que eu estava ali. Que eu era o espaço, o vento e as pedras. Abdiquei do meu próprio sorriso, abdiquei das linhas do meu corpo. Hoje eu sou as letras, o branco e o vazio. Hoje eu não estou mais em mim

domingo, 24 de fevereiro de 2013

É assim tão de repente, em uma gota que escorre pela porta. Os meus olhos se invertem, o meu corpo me adormece. É assim tão de repente, é uma fresta na janela e as minhas mãos me negam qualquer esforço. Tomo consciência desse piso, que é tão duro, tão escuro. Que é tão frio. É solidão os pelos no meu corpo. É solidão os meus passos leves e apressados. É solidão a minha boca imóvel e triste. É solidão quando o corpo não encontra abrigo. É solidão quando não há lugar que faça tudo se acalmar.

quarta-feira, 20 de fevereiro de 2013


Hoje, se eu pudesse, me jogaria em uma piscina, me jogaria em um rio, em um lago, em um mar. Hoje, se eu pudesse, eu me afundaria em águas calmas, mergulharia fundo em algum lugar quieto. E quando eu nadasse os meus movimentos causariam alguma mudança de rota, algum desvio impensado. Os meus cabelos estariam por toda parte, o meu corpo estaria por toda parte. Na minha pele a água viria de manso, de leve. Reinventaria, a cada mergulho, uma imensidão de células e de cores, uma imensidão de sonhos e de temores. Na água me abandonaria sem medo e sem dor. E a minha respiração contida seria testemunha de um corpo livre, de uma água limpa, de um corpo-água.

domingo, 17 de fevereiro de 2013

Das sete cores

Quando sete cores invadem o céu tudo se move lentamente. Deixo para depois as distrações e envolvimentos e tudo que importa é a luz, é o brilho colorido. Quando sete cores invadem o céu o infinito explode suavemente e cada nuvem que contemplo é testemunha de um sorriso. Já todas quase pálidas se despedem docemente. Vão embora da minha janela e me deixam encantada, colorida. Vão embora da minha janela e me deixam suavizada.

quarta-feira, 13 de fevereiro de 2013

Entre o sempre e o nunca existe um laço invisível. Há uma voz que grita muda, de um silêncio tão sensível, de uma cor quase pulsante. Entre o sempre e o nunca existe um corpo transparente, um infinito quase triste, infinidade de palavras soltas pelo vento...