domingo, 12 de maio de 2013

E eu que não me reconheci depois daquela noite, depois daquele brilho, daquela suavidade. E eu que fui andando a esmo sem notar as cores, sem tocar as notas, sem me enxergar. E eu, um pássaro calado sem saber voar. Um vento irrequieto e louco a procurar o mar. Eu me soltei sem rumo no meio da rua, quis tocar as plantas, quis saber das letras. Eu quis, recatada e triste, sentir um além daquilo que eu sabia. E em mim explodia uma harmonia que se fazia o avesso de sua própria ordem. Uma harmonia que eu não notava e o meu corpo todo era atravessado, era transgredido, era revirado. E no meu corpo inteiro os pássaros cantavam, as cores inundavam e tudo transbordava.