É só no corpo que eu existo. E nas paredes eu me mostro. Sinto uma dor
em estar viva. Dor que se abre nas palavras. Hoje sou frases curtas,
entrecortadas. E eu deveria. E gostaria. Sufoquei-me com o que via e os meus
braços paralisados... Eu não soube como existir. Não soube o que me dizer para
justificar a morte em mim. Para justificar o meu desamparo, o desamparo que eu
mesma pedi. Eu não soube como dizer para me fazer entender que eu estava ali.
Que eu era o espaço, o vento e as pedras. Abdiquei do meu próprio sorriso,
abdiquei das linhas do meu corpo. Hoje eu sou as letras, o branco e o vazio.
Hoje eu não estou mais em mim