Há em alguns dias um cansaço inevitável, quase como uma preguiça de
viver. Uma morte, bem pequena e suave, se viesse não encontraria resistência.
No meu corpo eu criaria o necessário para morrer no que fosse inevitável e para
extravasar o que em mim não se movesse. Nesses dias de cansaço inevitável cada
passo é de uma força tão cruel que a vida se abstém das suas marcas e
multiplica em fragmentos tudo aquilo que não vem. De cada letra puxo o fio que
lhe dá forma e, lentamente, não consigo mais me ler. A morte, então, não me
parece o fim de nada e diante dela já não posso me abster. Meu corpo encontra
um prazer esquivo e inaceitável na imobilidade em que o teto se contém. É
nesses dias que me perco sem ter volta... e quando volto não sou mais eu, não
sou ninguém.
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