terça-feira, 26 de agosto de 2014

Um fio solto em um emaranhado. Absorvido, apropriado. Era uma vez uma cortina separando todo um quarto. Era uma vez um apartamento que abrigava as palavras. E uma vez aconteceu de as janelas se quebrarem. E aconteceu da ventania tomar conta da cidade. O apartamento era a cidade em sua infinita transparência. Devagarinho as paredes escorriam pelo ralo. A mochila deslocada revelava seu segredo: nada dentro dela, nada caberia. É importante que seja dito que um único instante é o suficiente. Em um único instante as narrativas criam laços, criam fendas, se condensam e extrapolam os limites. Do instante escolhido na há verbo que dê conta de contar o seu caminho. No instante em que se cria o possível, o impossível aparece em desalinho. E não há boca e nem letra que supere o precipício. 

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