Um
fio solto em um emaranhado. Absorvido, apropriado. Era uma vez uma cortina
separando todo um quarto. Era uma vez um apartamento que abrigava as palavras.
E uma vez aconteceu de as janelas se quebrarem. E aconteceu da ventania tomar
conta da cidade. O apartamento era a cidade em sua infinita transparência.
Devagarinho as paredes escorriam pelo ralo. A mochila deslocada revelava seu
segredo: nada dentro dela, nada caberia. É importante que seja dito que um
único instante é o suficiente. Em um único instante as narrativas criam laços,
criam fendas, se condensam e extrapolam os limites. Do instante escolhido na há
verbo que dê conta de contar o seu caminho. No instante em que se cria o
possível, o impossível aparece em desalinho. E não há boca e nem letra que
supere o precipício.
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