Nunca entenderam minha solidão. Julgaram com frieza a minha distância
necessária e concluíram que eu era indiferente. Nunca entendi minha solidão.
Julguei, precipitada, que precisava de espaço e de tempo quando tudo em mim se
desmanchava. Eu nunca soube como fazer para falar. Era preciso um pouco mais de
ar e de coragem. Encontrei nos muros, nas paredes e nos tetos a poesia
necessária e escondida. Derrubei o que era de concreto para poder criar uma
outra ordem. E eu me vi delineando palavras sem sentido. Nessa outra ordem que
criei não havia coerência e, devagar, eu percebi que nem sequer ordem havia. E
de repente a solidão se transformava em outra coisa.
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